|
'Daqui pra frente será diferente',
disse Armando Marques ao assumir o comando da arbitragem
brasileira |
A CBF extinguiu ontem (11) a Comissão Nacional de
Arbitragem de Futebol (Conaf). A entidade acabou também com o quadro
de árbitros - a Relação Nacional de Árbitros de Futebol (Renaf). A
decisão foi anunciada pelo presidente da CBF, Ricardo Teixeira, após
participar da primeira reunião com a comissão formada para
reestruturar a arbitragem nacional.
O ex-árbitro da FIFA Armando Marques, que vai atuar
na comissão ao lado de José Roberto Wright, Emídio Marques de
Mesquita e Renato Marsiglia, prometeu abrir um novo capítulo na
arbitragem brasileira:
‘‘Estamos instituindo um novo ato institucional no
futebol brasileiro; daqui para a frente será diferente’’ - disse
Armando.
Ricardo Teixeira anunciou que só participou da
primeira reunião e que vai deixar os ex-árbitros livres para tomar
as decisões. Apesar do fim da Renaf, os árbitros que vão atuar na
semifinal da Copa do Brasil foram mantidos.
‘‘Eles foram reavaliados pela nova comissão e,
como ninguém se opôs, vão apitar as partidas’’ - justificou o
presidente da CBF.
A nova comissão terá a função de organizar o órgão
que substituirá a extinta Conaf. O ex-árbitro Arnaldo César Coelho
não aceitou participar da comissão porque é comentarista da Rede
Globo.
O trabalho do grupo deverá estar concluído até julho.
Até lá, o diretor técnico da CBF, Gilberto Coelho, será o
responsável pela escalação dos árbitros na final da Copa do Brasil.
A próxima reunião da comissão de reestruturação será
na segunda-feira, quando os integrantes deverão definir os critérios
do novo órgão. A intenção do grupo é tentar reduzir para 42 anos o
limite de idade dos árbitros do novo quadro da CBF. Pela FIFA, o
limite é de 45 anos.
Da comissão, só Marques e Emídio farão parte do
órgão, que substituirá a Conaf. Mais três especialistas vão integrar
o órgão.
|
Ivens Mendes |
Da redação:
Armando Marques presidiu a Comissão Nacional de
Arbitragem de 1998 a 2005. Ele substituiu o paulista Ivens Mendes
que presidia a CONAF desde 1988 e foi demitido após denuncias
supostamente envolvendo venda de resultados de jogos de futebol e
financiamento de campanhas políticas. Na denuncia, em uma das
gravações, uma voz, identificada como a de Mendes, pedia 25 mil
reais, supostamente ao presidente do Atlético/PR, Mario Celso Petraglia.
Em outra gravação, a mesma voz pedia ajuda financeira ao presidente
do Corinthians, Alberto Dualib, o qual teria inclusive mencionado
"um, zero, zero" (cem mil reais) como valor a ser pago.
Nos dois casos, o dinheiro seria utilizado na campanha de Ivens
Mendes a Deputado Federal em 1998, por Minas Gerais.
No dia seguinte das denuncias, Ivens Mendes pediu afastamento de seu cargo na CONAF, declarando-se inocente no caso, mas alegando que sua família
estava sofrendo ameaças.
Como árbitro, Armando Marques apitou doze finais de Campeonatos
Brasileiros, entre 1962 e 1974, além de quatro do Carioca, três do
Paulista e uma do Mineiro. Mas sua carreira nos campos foi marcada
por polêmicas, como na final do Brasileiro de 1974, quando anulou o
gol que impediu que o Cruzeiro fosse campeão.
Foi o árbitro brasileiro nas Copas de 1966, na
Inglaterra, e 1974, na Alemanha Ocidental.
Deixou o cargo na CBF em 2005 após as denúncias da
Máfia do apito - como ficou conhecido as investigações de manipulação de
resultados no Campeonato Brasileiro envolvendo os árbitros Edilson
Pereira de Carvalho e Paulo José Danelon. Armando foi acusado de
omissão e teria mentido ao dizer que Edilson tinha sido integrado ao
quadro da Fifa durante a gestão de Ivens Mendes na comissão.
Foi substituído, a época, pelo ex-arbitro e Delegado
aposentado da Policia Federal, Edson Resende de Oliveira.
Armando morreu em julho de 2014, aos 84 anos, no Rio de
Janeiro, de insuficiência renal.