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    São Paulo - 04/04/2010    13:06hs

Wayne: vítima do "rigor da regra" deixou o futebol

Jenkins Barbosa - ao centro - foi o árbitro da polêmica partida - Crédito: Emerson Ortunho.
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Wayne Raphael Dantas Araújo era um promissor lateral esquerdo do Botafogo de Ribeirão Preto. Ou seria. Não foram as suas habilidades ou os seus bons resultados que deram a ele destaque nacional na imprensa esportiva. Wayne foi protagonista de um lance curioso e infeliz no Campeonato Paulista Sub-15 de 2002, que acabou marcando negativamente e prejudicando definitivamente a sua carreira.

O fato aconteceu durante um clássico diante do Comercial na primeira rodada do torneio. Wayne, que não tem a mão esquerda por conta de um defeito congênito, cobraria um lateral para o seu time. Apoiando a bola na mão direita e no pulso esquerdo, ele arremessou a bola ao campo. O árbitro Jenkins Barbosa dos Santos, porém, marcou reversão, entregando a cobrança para o rival de Ribeirão Preto. Surpresa: seguindo rigorosamente a regra, Wayne teria que cobrar o lateral com as duas mãos.

O lance se repetiu outras duas vezes ainda no primeiro tempo. Na terceira reversão, o técnico Zito invadiu o gramado para protestar. Acabou expulso de campo. No segundo tempo, para que Wayne ficasse longe da lateral e evitasse novos problemas, três jogadores tiveram que ser remanejados no Botafogo. Ao fim do jogo, que terminou sem gols, os botafoguenses decidiram registrar um boletim de ocorrência, dizendo-se vítimas de preconceito do árbitro, que não quis atender ao clube após a partida.

"A reação, como não poderia ser outra, foi de espanto, decepção e desorientação. O futebol era o único lugar em que eu me sentia bem, onde meu talento superava minha deficiência e onde eu era visto como uma pessoa normal. Não conseguia acreditar que aquilo estava acontecendo comigo, e justamente contra nosso maior rival, numa estréia de Campeonato Paulista" - contou Wayne ao Terra.

"Minha cabeça virou um turbilhão, pois estava em uma competição oficial, uma das mais importantes do ano para o time. Eu estava impedido de fazer o que sabia. Tive que terminar o jogo em outra posição."

Apesar do registro na delegacia, os pais de Wayne não levaram o caso adiante na Justiça, e nem buscaram um processo contra a Federação Paulista de Futebol.

"O mérito da questão era moral, e não financeiro" - explicou o ex-capitão do time, que queria apenas evitar o mesmo tipo de mal-entendido na seqüência da carreira.

"O único desejo deles e meu era continuar a jogar futebol."

Depois do episódio, Wayne teve dificuldades para encontrar clube e seguir a carreira. Atualmente, aos 23 anos, ele atua como bancário e o futebol ficou bem distante.

Na época, a FPF se negou a comentar publicamente o caso. Extra-oficialmente, a Escola de Arbitragem da entidade culpou a inexperiência do árbitro por tamanho rigor na regra. Tecnicamente, Jenkins estava correto. O árbitro, que seguiu normalmente carreira, chegou à categoria profissional nos anos seguintes e apitou partidas válidas pela Copa São Paulo de futebol júnior, da então Copa FPF e das divisões de acesso do Campeonato Paulista.

"Nunca fomos contatados pela FPF, nem para um pedido de desculpas, para saber se aquilo deixou alguma sequela ou para simplesmente informar que tomariam atitudes que visassem o fim de ato como esse no futebol" - contou Wayne, até então um jogador cotado para as categoria de base da Seleção Brasileira e com uma perspectiva das mais otimistas na carreira.

As informações são de Emanuel Colombari Direto do Portal Terra de São Paulo

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