28/10/2005   

Cléber Abade é favorito por uma das vagas da FIFA

O Paulista encabeça a lista de favoritos, que também conta com Wilson Seneme-SP, Evandro Rogério Roman-PR e Giuliano Bozzano-DF

A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) realizou na tarde desta sexta-feira, na Comissão de Desportos da Aeronáutica, em Marechal Hermes, no Rio de Janeiro, um teste físico com árbitros. Este é o último passo para escolha de dois novos integrantes para o quadro brasileiro da FIFA.

 
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OS DEZ CONCORRENTES

Antônio Hora Filho-SE

Cleber Wellington Abade-SP

Djalma Beltrami-RJ

Elvécio Zequetto-MS

Evandro Rogério Roman-PR

Giuliano Bozzano-DF

Luiz Antônio dos Santos-RJ

Paulo Henrique Godoy Bezerra-SC

Wallace Valente-ES

Wilson Seneme-SP

Encabeçando a lista dos favoritos, que também conta com Wilson Seneme-SP, Evandro Rogério Roman-PR e Giuliano Bozzano-DF, está o paulista Cleber Wellington Abade, recentemente acusado de omitir da súmula do clássico entre Santos e Corinthians as confusões ocorridas.

Uma das vagas abertas é para substituir Edílson Pereira de Carvalho, que foi banido da arbitragem depois de ter participado de um esquema de manipulação de resultados. Fato este que gerou a anulação de 11 partidas do atual Campeonato Brasileiro. A outra é para o lugar de Márcio Rezende de Freitas, que a partir de 2006 não pode mais apitar por ultrapassar a idade limite de 45 anos.

Apesar de o teste ser também para avaliar a manutenção dos outros oito integrantes, o quadro verde-amarelo da FIFA deve ter apenas essas duas novidades - o restante, provavelmente, continuará como está. 

"A indicação [de quem serão os novos árbitros Fifa] é da CBF. Mas é claro que eles consultam a comissão para saber a nossa opinião. O Ricardo [Teixeira] vai apontar os árbitros na semana que vem", explicou o presidente da Comissão de Arbitragem, Edson Rezende.

O ATUAL QUADRO DA FIFA

Alicio Pena Júnior-MG

Carlos Eugenio Simon-RS

Heber Roberto Lopes-PR

Leonardo Gaciba da Silva-RS

Márcio Rezende de Freitas-SC

Paulo César de Oliveira-SP

Sálvio Spinola Fagundes Filho

Wilson de Souza Mendonça-PE

Wagner Tardelli de Azevedo-RJ

Perto de conquistar um dos principais objetivos de um árbitro no Brasil, o favorito Abade correu o risco de sequer participar desta seleção. Isso porque ele foi julgado pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) na semana passada por ter sido acusado de não relatar, ou relatar de forma errada, na súmula fatos ocorridos em uma partida. Abade, no entanto, foi absolvido.

O jogo em questão foi o clássico Santos 2x3 Corinthians, repetido no dia 13 de outubro, na Vila Belmiro, por ter sido arbitrado originalmente por Edílson Pereira de Carvalho (com o corrupto, vitória santista por 4 a 2). No final do jogo, a torcida do clube da Baixada invadiu o campo para protestar e o jogo teve de ser encerrado três minutos ante do previsto.

EDÍLSON É MAL VISTO

Os árbitros que participaram do teste realizado pela CBF esta tarde contaram que Edílson Pereira de Carvalho nunca foi muito sociável. E fizeram um pedido: "Não queremos mais ouvir o nome do Edílson", declarou o árbitro Carlos Eugênio Simon.

"Treino uma hora e meia todos os dias para ficar em forma e exercer a função de árbitro", declarou Abade, que profissionalmente exerce um cargo de diretoria em uma empresa de segurança.

Critérios técnicos e subjetivos
O teste realizado esta tarde em Marechal Hermes reuniu 38 pessoas, sendo 18 árbitros (oito já do quadro da Fifa), 16 assistentes (14 da entidade máxima do futebol) e quatro árbitras. A avaliação é o último complemento da avaliação da CBF, que anunciará os escolhidos na próxima semana.

Substituto recente de Armando Marques no comando da Comissão de Arbitragem, Edson Rezende, falou sobre o processo de seleção e o que é avaliado em cada árbitro. Além de critérios técnicos, alguns mais subjetivos também são levados em consideração.

COMO É O TESTE FÍSICO?

Cada um dos árbitros que participou dos testes físicos, que é no sistema eliminatório, teve de passar por três etapas: uma corrida de 2.700m, um pique de 200m e outro de 50m. No primeiro, o tempo máximo para terminar a prova é de 12 minutos, no segundo de 32 segundos e no terceiro de 7,5 segundos. O concorrente que não atingir esses índices é eliminado.

No caso das mulheres, a prova é a mesma, só que a primeira fase é de 2.400m e o tempo para a realização dos piques é de, respectivamente, 35 e nove segundos.

"A parte pessoal é levada em consideração. Preferimos árbitros que estejam cursando, no mínimo, o terceiro grau. Avaliamos também os jogos nacionais de cada um. Outro ponto que avaliamos é o comportamento de cada um após um erro cometido. Alguns são arrogantes", falou Rezende.

O atual manda-chuva da comissão de arbitragem da CBF arriscou dizer também o perfil do árbitro ideal: "É aquela que termina uma partida com os 22 jogadores em campo. O árbitro é o termômetro do jogo. É ele que sabe a hora de esfriar ou de esquentar".

Atualmente, um árbitro brasileiro do quadro da Fifa ganha R$ 2.500 por partida. Os que não são filiados à entidade máxima do futebol ganham R$ 1.500 a cada jogo.

Nome 'Edílson' causa estranheza entre árbitros

O nome Edílson Pereira de Carvalho ainda causa um certo desconforto quando é pronunciado perto dos seus ex-colegas. Na tarde desta sexta-feira, árbitros e assistentes deixaram isso claro após realizarem os testes.

Depois de testados e aprovados, os árbitros se reuniram para tirar algumas fotos e, questionados sobre o que gostariam de dizer para aqueles que sempre os criticam, surgiram muitos pedidos. Mas Carlos Eugênio Simon tomou a frente para dar a primeira resposta.

 

 
MENOS ÁRBITROS EM 2006
Em 2006, o número de árbitros filiados à CBF diminuirá de 650 para 400. O presidente da CBF considera o número atual exagerado e, com a redução, pretende tornar possível a realização de cursos de capacitação e melhorar o aproveitamento nos rodízios.

Uma segunda medida foi anunciada pela CBF para aprimorar o nível da arbitragem no Brasil. Será criado um quadro de observadores indicados pelas Federações. Cerca de 80 pessoas terão como principal função acompanhar o trabalho dos árbitros e assistentes e informar a CBF através de relatórios.

"Os observadores vão fazer ainda um acompanhamento mais amplo, até mesmo sobre a vida social dos árbitros, o que aumentará a chance de o critério para a escolha dos mesmos ser o mais correto" disse Edson Rezende, presidente da Comissão Nacional de Arbitragem.

"Não queremos mais ouvir o nome do Edílson. Estamos cansados de ouvir o nome dessa pessoa", disse o gaúcho, que passou com louvor no teste e que, em dezembro, estará no Japão para apitar jogos do Mundial Interclubes. 

Edílson Pereira de Carvalho já não gozava de muita popularidade entre seus ex-colegas mesmo antes de se tornar o pivô do escândalo da arbitragem. De acordo com alguns deles, Edílson até se socializava em alguns momentos, mas, normalmente, ficava isolado. 

No ano em que foi suspenso por ter fraudado o diploma de conclusão do ensino médio, Edílson participou dos testes físicos, mas não soube lidar com o problema pessoal e acabou descontando nos demais.

"Ele entrou no ônibus e saiu xingando todos, sem distinção. A gente, de longe, disse para ele acalmar os ânimos porque ninguém tinha nada a ver com o que ele havia feito de certo ou errado", contou o paranaense Heber Roberto Lopes.

SOLIDARIEDADE
Durante os testes, no Rio. A árbitra paranaense Sueli Tortura sofreu uma contratura na panturrilha direita, não concluiu o teste e, por conseqüência, não foi aprovada.

Enquanto chorava pela oportunidade desperdiçada, a árbitra recebeu o apoio dos colegas, principalmente da amiga Ana Paula Oliveira. "A gente se prepara tanta e acontece uma coisa dessas. Estou muito triste", disse, às lagrimas.

Nos próximos dias, a CBF vai encaminhar os motivos pelos quais Sueli Tortura não foi aprovada. É possível que a Fifa permita que ela faça o teste novamente, em um prazo máximo de quinze dias.

"Ele causou uma grande mancha no futebol. Agora, temos que ter muita cabeça quando apitamos e a torcida grita o nome dele para nos xingar", concluiu.

Apesar do tom pesado quando o assunto era o ex-árbitro, o clima criado pelos árbitros nas raras vezes em que se reúnem em grande número é descontraído. Mesmo enquanto eram submetidos aos cansativos testes de corrida, todos brincavam e riam com os apelidos distribuídos pelo carioca Wagner Tardelli.

"Aqui temos de tudo. Temos o Marcos Valério [Heber Lopes], o Robinho [Paulo César Oliveira], o Tropeço, da Família Adams [Roberto Braatz], o Silvester Stalone [Djalma Beltrami] e o Wilson [de Souza Mendonça] pode ser o Elvis Não Morreu ou o pescador do Tubarão 1, aquele de costeletas", citou Tardelli, enquanto era repreendido por todos à distância.

 

 

Edilson Beijava a Santa antes das partidas, depois foi preso por envolvimento no escândalo "Máfia do Apito"

 

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