29/08/2002    23:07hs

São Paulo vê a participação de seus árbitros despencar no Brasileiro

A derrocada paulista aconteceu após Armando Marques, chefe da arbitragem da CBF, se desentender com Alfredo Loebeling e Gustavo Caetano Rogério, diretor da Escola de Árbitros da FPF

Principal força da arbitragem no futebol brasileiro nos últimos anos, São Paulo vê sua participação no setor despencar em 2002 nas duas principais divisões do Campeonato Brasileiro.

Na Série A, apenas 13% dos 70 jogos iniciais da competição tiveram a indicação de um paulista para chefiar o trio de arbitragem.

Em 2001, no mesmo número de partidas iniciais do Nacional, a parte no bolo do apito do Estado foi de 27%. Dois anos antes, em 1999, 25% de todos os jogos do mais importante certame do país tiveram um paulista como juiz.

Fora da elite, a arbitragem de São Paulo também tem pouco espaço na Série B. Lá, a participação do Estado não passa dos 12%.

 

Dos três juízes paulistas que fazem parte do quadro da Fifa, o único que

apitou mais de uma partida até ontem na Série A foi Paulo César de Oliveira.

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A derrocada dos paulistas acontece após um dos maiores escândalos no setor, em que Armando Marques (foto acima), chefe da comissão de arbitragem da CBF, se desentendeu com Alfredo Santos Loebeling, de São Paulo, e Gustavo Caetano Rogério, diretor da Escola de Árbitros da Federação Paulista de Futebol.

Loebeling, mesmo depois de ter sua suspensão cumprida e fazer parte do quadro da Fifa, ainda não trabalhou no Brasileiro.

Para o presidente da Comissão de Arbitragem da FPF, Amilcar Casado, não há motivos para os juízes paulistas não serem escalados para os jogos do Brasileiro.

"Nossos árbitros estão aptos a atuar, mas quem faz a escala é a CBF. Quem deveria responder a essa pergunta é o Armando Marques", afirmou Casado.

Para ele, a continuidade dessa escala no Nacional pode prejudicar os árbitros paulistas.

Alfredo Loebling sob escolta após a partida Figueirense 1x0 Caxias pela ultima rodada do quadrangular final do campeonato brasileiro da série B de 2001

"Sem atuar, eles não recebem e não podem mostrar seu trabalho. A projeção desses juízes fica comprometida", disse o presidente da comissão de arbitragem.

Longe das partidas da elite do país, os paulistas deixam de faturar com o futebol. Para cada jogo da primeira divisão do Brasileiro, um árbitro da Fifa, além das despesas, recebe R$ 2.500.

Casado disse não acreditar que a divergência entre Loebeling e Armando Marques esteja influenciando na escala de arbitragem do Brasileiro. "Os outros juízes não podem pagar pelos erros de terceiros", disse o cartola.

Para os árbitros, o medo de uma represália ainda maior evita ataques aos cartolas.

"Manifestar sobre isso pode até refletir negativamente para nós. Estou aguardando uma nova oportunidade", disse Romildo Corrêa, que atuou apenas na primeira rodada no jogo entre Inter e Flamengo (no ano passado, trabalhou nas seis jornadas iniciais).

 

Com o fim do predomínio paulista, a arbitragem da edição 2002 do Nacional tem um perfil muito mais diversificado.

Em apenas seis rodadas do torneio atual, juízes de 12 federações diferentes trabalharam. Em toda a edição de 1999, apenas 11 unidades da federação foram representadas na chefia da arbitragem.

A "Folha de S.Paulo" ligou para Marques na sede da CBF no Rio nesta quinta-feira por três vezes, mas, segundo a assessoria de imprensa da entidade, ele não se encontrava no local.

Por Diogo Pinheiro e Paulo Cobos - Folha de São Paulo

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