Árbitro envolvido em escândalo é banido do futebol

Françuar Fernandes foi punido pelo STJD por tentativa de suborno na Série B do Brasileiro/2008

10/02/2009 - O árbitro Françuar Fernandes da Silva foi banido do futebol. A denúncia por tentativa de suborno em jogos da Série B do Campeonato Brasileiro do ano passado, que se arrastava desde outubro, esteve em pauta na Segunda Comissão Disciplinar do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) nesta terça-feira, dia 10 de fevereiro. A decisão dos Auditores foi unânime. De acordo com o próprio advogado do agora "ex-árbitro", ele já iria se aposentar, já que fez 45 anos.

Françuar Fernandes da Silva foi denunciado no artigo 241 (dar ou prometer qualquer vantagem a árbitro ou auxiliar de arbitragem para que influa no resultado da partida, prova ou equivalente) do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD), que prevê a eliminação do esporte.

Entenda o caso:

No dia 1° de outubro, logo após ser escalado para apitar a partida entre Fortaleza e América/RN, no dia 5 de outubro, pela 29ª rodada da Série B, o árbitro Adriano de Carvalho, da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), vinculado à Federação Tocantinense de Futebol, recebeu uma mensagem via celular com os seguintes dizeres: “Caro Adriano, tem alguém querendo lhe presentear em Fort... topa? Me retorna neste número. Françuar. Seguro e discreto na mão”. No mesmo dia, às 19h45, o árbitro recebeu outra mensagem do mesmo número com teor semelhante. A ligação foi efetuada de um número de telefone que possui o código de área da cidade de Natal, no Rio Grande do Norte.

Ainda no dia 1º, às 20h46, Adriano de Carvalho recebeu mais uma mensagem, desta vez enviada por outro número de celular, com o seguinte recado: “Cara querem oferecer um presente pra vc em Fortaleza. Coisa boa e discreta. Na hora. Me liga. Querem saber se aceita, me liga logo. Abs”.

Em seguida, o árbitro procurou o Presidente da Comissão Estadual de Arbitragem de Futebol de Tocantins (CEAF/TO), Gasparino Bezerra Maciel, a fim de relatar os fatos ocorridos e procurar orientação do modo como deveria proceder. No dia seguinte, Adriano recebeu sete ligações do número que lhe mandou a terceira mensagem, não tendo atendido nenhuma delas. Ao final do dia, Adriano procurou novamente Gasparino, relatando a insistência das ligações.

No momento em que estava com o Presidente da CEAF/TO, o celular de Adriano tocou novamente e foi atendido por Gasparino, que perguntou quem falava, tendo como resposta “Françuar”, tendo este dito que eram colegas e estava ligando “para lhe desejar uma boa partida”. Os dois se dirigiram à 2ª DP de Palmas/TO, onde fizeram Boletim de Ocorrência. No dia 3 de outubro, Adriano e Gasparino se encontraram com o Promotor de Justiça, Dr. Erion de Paiva Maia, relatando o ocorrido.

O Promotor resolveu investigar o caso e, na presença de Gasparino e Adrino, efetuou uma ligação para o número da onde tinham partido as mensagens. A pessoa que atendeu se identificou como Françuar e, indagado sobre as ligações e mensagens enviadas a Adriano, respondeu que se tratava de uma rotina na qual os árbitros ligavam entre si para desejarem uma boa partida. Entretanto, afirmou não saber de tais mensagens oriundas de seu número de celular para o celular.

Passados dez segundos do término da ligação, Adriano recebeu uma ligação do mesmo número, tendo o Promotor solicitado que ele atendesse ao telefonema. Adriano então reconheceu de imediato que do outro lado da linha estava o árbitro Françuar Fernandes da Silva, que parecia preocupado e queria saber se Adriano sabia de algo relacionado a um Promotor que havia lhe ligado e também sobre supostas ligações e mensagens que estava recebendo. Adriano informou que nada sabia do assunto e “desconversou”. Em certo momento o Promotor pegou o celular a fim de ouvir a voz de quem falava com ele, constatando assim que se tratava da mesma voz que o atendeu minutos antes.

Após ter sido instaurado Inquérito no STJD, um novo ofício foi enviado ao Presidente da Comissão Nacional de Arbitragem da CBF, Sérgio Corrêa, agora feito pelo árbitro João Alberto Gomes Duarte, vinculado à Federação de Futebol do Rio Grande do Norte. Em documento assinado pelo árbitro e seus dois assistentes, no dia 27 de outubro, véspera do jogo entre Vila Nova/GO e Gama/DF, o referido árbitro escalado recebeu um telefonema às 9h59 de alguém que se identificou como Françuar Fernandes. No telefonema, Françuar disse que gostaria de falar com João Alberto, mas que não poderia ser por telefone.

Após desligar o telefone, uma série de novas ligações foram feitas de diferentes números, mas com o mesmo prefixo (95). Nenhuma delas foi atendida. Após o almoço, às 11h53, Adriano relatou que recebeu duas mensagens: 1) Perguntava em que hotel o árbitro João Alberto estava hospedado; 2) “Velho vem aqui no 705. estou no aguardo”.

Devido à inércia de João Alberto, Françuar interfonou para o quarto 606, onde estava hospedado o trio de arbitragem. Relatou João Alberto que pediu para seu assistente, Adnilson Costa Pinheiro, atendesse ao interfone. Feito isso, foi constatado que Françuar Fernandes encontrava-se no quarto 705, e solicitou que João Alberto fosse até o seu quarto. Diante da negativa do árbitro, Françuar foi até o quarto 606, onde conversou com o trio de arbitragem sobre família, futebol e arbitragem, e em nenhum momento mencionou o jogo Vila Nova e Gama.

Segundo a denúncia da Procuradoria, apesar de não ter sido cometida qualquer infração disciplinar pelo árbitro Françuar naquele momento, o ofício enviado pelo árbitro João Alberto confirma que o telefone celular de onde adveio a mensagem oferecendo suborno a Adriano de Carvalho pertence ao denunciado, uma vez que o dono do telefone afirmou que estava no quarto 705, local onde estava hospedado Françuar.

De acordo com o árbitro Adriano de Carvalho, ele tem certeza absoluta que a voz no telefonema que ligara era o timbre de Françuar, não restando dúvidas que o mesmo tentara subornar o árbitro potiguar João Alberto.

Fonte: http://www.nominuto.com/esporte/futebol/arbitro-envolvido-em-escandalo-e-banido-do-futebol/27583/

Françuar Fernandes nega ter tentado subornar colegas de profissão

Ele nega ter sido banido do futebol, garantiu que vai recorrer e quem o denunciou vai ser chamado a depor.

Terça-feira, 07/04/2009 às 12h25

Em entrevista exclusiva ao portal Nominuto.com o árbitro de futebol Françuar Fernandes nega que tenha tentado subornar colegas de profissão. O caraubense, envolvido em mais um escândalo do apito, se mostrou muito triste e decepcionado com os colegas “Adriano” e “Alberto” (João Alberto), esse último potiguar. Ele disse não entender porque os árbitros deixaram que fosse feita a sugestão de tentativa de suborno.

Françuar nega ter sido eliminado, como foi publicado no site Justiça Desportiva, assim como garantiu que vai recorrer da decisão que o suspende do apito. Ele disse inclusive que os árbitros que o denunciaram serão chamados a depor. “Quero ver se eles terão coragem de dizer na minha frente que eu fiz oferta de suborno”, desafia. Ele lamenta muito o acontecido, pois se diz vítima de “olhares atravessados”.

Eis a entrevista:

Nominuto.com - Quem é o árbitro Françuar Fernandes?
Françuar Fernandes - Meu nome é Françuar Fernandes da Silva, 46 anos, nasci em Caraúbas (RN). Fui árbitro de 1987 a 2008. na Federação Roraimense de Futebol. De 1995 a 1999 fiquei na Federação Amazonense. Entrei no quadro da CBF em 1989, portanto fiquei 19 anos de minha vida no quadro CBF. Fui o árbitro roraimense que mais apitou decisão de campeonato, mais apitou competições nacionais. Sempre me destaquei pela qualidade técnica e disciplinar, com uma vida dedicada à arbitragem. Tenho histórico nesta região e sempre fui respeitado pela imprensa e pelos companheiros de trabalho. Me dediquei a ajudar os mais jovens e sempre sendo um grande companheiro. Dentro e fora da arbitragem. Sou respeitado onde resido e meu estilo de arbitragem serve para muitos como modelo (desculpe a modéstia). Sou um pequeno empresário, tenho uma empresa de prestação de serviços de limpeza e conservação, principalmente com manutenção de campo de jogo dos estádios no estado.

NM - O senhor foi acusado de tentar subornar colegas de profissão. A acusação procede?
FF - Não procede.

NM - Se não procede, por que o senhor foi banido do futebol?
FF - Não fui banido. Fui julgado pela 2º Comissão do STJD, onde o processo está na Secretaria e recorri junto ao Pleno. O termo no artigo 241 do CBJD é eliminação. Quanto à acusação não existem provas, meu julgamento é meio bizarro. Não fui ouvido, quem me denunciou não foi ouvido e não tem testemunha. Sobre a acusação tenho certeza que o Adriano qui se promover, pois em nenhum momento ouve contato entre ele e eu. O fato de aparecer uma mensagens de celular dizendo que era eu não prova nada. É normal os árbitros se comunicarem quando são escalados. O João Alberto que também quis tirar proveito de uma situação me mandou e-mail dois dias antes que eu apitei aí em Natal, dizendo que queria conversar comigo, para que eu o procurasse. Esse e-mail consta nos autos do processo. Mas não fui denunciar o João por isso, acho normal, porém ele conversou comigo por telefone, quando estava ainda em Natal, pois liguei pra ele 4 dias antes dele chegar a Goiana e ele mandou uma carta ao Presidente Sérgio dizendo achar estranho eu procurá-lo. Ora, eu iria estar no mesmo período que ele em Goiás e apenas queria lhe cumprimentar e ele consentiu que eu o procurasse para almoçarmos juntos, eu estava a trabalho e não achei nada de mais encontrar com um colega que não via há bastante tempo. As pessoas querem se dar bem e não olham que podem acabar com a vida de um homem levando ao ridículo em pouco tempo. Porém Deus, eu, João e Adriano sabemos que eu jamais lhe propus algo desse gênero. Estou recorrendo e espero encontrar com ele no Tribunal para que eles digam na minha frente se de fato eu lhe fiz oferta de suborno.

NM - O senhor já testemunhou alguma tentativa de suborno?
FF - Não.

NM - O senhor já recebeu alguma proposta de dirigente para "fazer" um resultado?
FF - Não. Olhe, nunca vi arbitro fazer resultado. ele não joga. Ele pode até cometer erros, mas fazer resultado, não.

NM - O senhor diz que existe muita coisa suja no meio. O que o senhor teria para nos contar sobre essa afirmação?

FF - Quando terminar meu julgamento poderei falar sobre isso.

NM -  Quem faz vista grossa?

FF - Dou a mesma resposta: quando terminar meu julgamento poderei falar sobre isso.

NM - Voltando um pouco no tempo, o senhor acha que apenas Edilson Pereira de Carvalho esteve envolvido naquela máfia de resultados?
FF - Com certeza não, é tanto que foi punido outros, mas tinha alguém mais forte por trás, com certeza.

NM - O que o senhor tem a dizer sobre o episódio que envolveu Marco Polo Del Nero, presidente da FPF, e o árbitro Wagner Tardelli?
FF - Alguém quis se dar bem, acho que Tardelli não entraria nessa, o que acho estranho foi ele acatar muito passivo a decisão de lhe tirar o escudo FIFA. Sobre o sr. Marco Polo, ele não seria ingênuo o bastante pra algo dessa natureza.

NM - O senhor acha que durante a realização dos jogos das Séries A, B e C ocorrem subornos?
FF - Não.

NM - O senhor acha que a direção nacional de arbitragem, sindicatos e demais entidades se empenham em realmente esclarecer esses tipos de fatos?
FF - Muitos se limitam a ouvir, mas é bom investigar se houver denúncia.

NM - Sinta-se à vontade para contar outras coisas.

FF - Espero que isso possa esclarecer alguns fatos pedentes sobre este caso. Fui a Carubas no final do ano e a cidade estava em polvorosa com essas noticias, meu pai de 73 anos quase teve um enfarte com a notícia que de certa forma foi vinculada de forma que eu era um demônio. Ninguém tinha ouvido minha opinião sobre o assunto e precisei da minha família p'ra segurar a onda. Passei por maus bocados e precisei ser muito forte pra superar essa. Tem pessoas que me olham atravessado achando que eu sou culpado, e eu pergunto: Por que essas pessoas fizeram isto comigo? Conversando com Luiz Gustavo, da Folha de São Paulo, ele achou muito estranho como foi conduzido o julgamento e disse que investigou minha vida na CBF e nada tinha em minha ficha. Como de repente em final de carreira iria eu virar esse bandido?  Estarei à disposição, sabendo da minha inocência e que Deus na hora certa mostrará a verdade. Mandei e-mail pro João e Adriano dizendo que eu os perdoei, de coração, porém não sei se eles se perdoaram por ter me feito essa.

Fonte: http://www.nominuto.com/esporte/esporte/francuar-fernandes-nega-ter-tentado-subornar-colegas-de-profissao/30154/

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