Jogo sujo

O futebol carioca está envolto em um mar de podridão há mais de 25 anos, onde já teve um campeão com papeletas amarelas, CPI do apito e árbitro declarando que recebeu ordens para favorecer os times que interessassem à Federação

08/12/2011 -  Por Flusócio

Que o futebol carioca está envolto em um mar de podridão há mais de 25 anos, isso não é novidade para ninguém. Neste período, o campeonato já teve um campeão com papeletas amarelas - caso comprovado de suborno de árbitros - (leia aqui), já teve CPI do apito, já teve árbitro declarando abertamente que recebeu ordens para favorecer os times que interessassem à federação, já teve clubes abandonando a disputa. Enfim, já teve de tudo. Eduardo Viana comandou a federação por longos anos, trazendo a era dos campeonatos decididos não apenas dentro de campo, mas também a partir da influência vinda de dentro dos gabinetes. Deixou seu legado para Rubens Lopes, um sucessor à altura.

O jogo de domingo passado foi só mais um triste capítulo dessa longa era de trevas. O próprio Gutemberg de Paula Fonseca, que dizem ser vascaíno, já havia prejudicado o Fluminense de forma

igualmente grosseira no empate em 4×4 com o Vasco pelo campeonato carioca de 2007. Mas não é só o coração que pode influenciar a decisão de certos árbitros. Depois da pusilanime atuação de domingo surgiu a denúncia que Gutemberg é chefe de gabinete do vereador botafoguense atuante Fernando Morais. Cargo de confiança, que não precisa de eleição ou concurso, que pode ser nomeado ou demitido a qualquer instante, e que paga muito bem. 

Alguns poderão dizer: “e o que isso tem de mais?”. Pois é, infelizmente vivemos em um país onde o grau de exigência para esse tipo de dilema moral é bem baixo. O problema nesse caso é simples. Qual a qualificação do árbitro para ser assessor do vereador? E em sendo qualificado, o fato de ser árbitro da FERJ e trabalhar em cargo comissionado de um vereador que funciona praticamente como colaborador da gestão atual do Botafogo configura evidente conflito de interesses.

Trocando em miúdos: quando seu time for jogar contra o Vasco ou contra o Botafogo, não é bom negócio deixar o sr. Gutemberg apitar.

Mas o jogo sujo não para por aí. Não bastasse o dissabor que o torcedor do Fluminense teve que passar no domingo. A sensação de ser ludibriado, de estar diante de uma máquina de video-poquer, de um jogo de cartas marcadas, de ter gasto o dinheiro do seu ingresso ou do seu pay-per-view à toa, ontem veio a pá-de-cal. O presidente da Comissão de Arbitragem da FERJ, Sr. Jorge Rabello, deu declarações que podemos considerar um verdadeiro escárnio com quem preza pela honestidade no esporte. Só faltou dizer que o Botafogo foi o prejudicado.

Confiram aqui a entrevista do Sr. Jorge Rabello.

Em primeiro lugar cabe contextualizar algumas coisas. Jorge Rabello foi um péssimo árbitro que fez carreira de certo destaque na FERJ nos tempos do Caixa D’água. Aqueles anos negros aos quais nos referimos no primeiro parágrafo desse post. Na qualidade de árbitro, não ficava muito à frente do Gutemberg, se é que o leitor nos entende.

Mas vamos fazer algumas considerações sobre as infelizes declarações do sr. Jorge Rabello.

“Nós conseguimos recuperar a credibilidade da arbitragem do Rio de Janeiro”.

Ok, um momento de humor para quebrar o gelo com o entrevistador. Só pode ter sido isso.

“A comissão de arbitragem se reuniu nesta manhã e precisamos deixar claro algumas coisas. Tecnicamente, nós não vimos nenhum erro do árbitro. Pênalti é interpretação……Em relação aos dois pênaltis marcados, um (o primeiro) me parece ter sido muito claro.”

Fazendo um enorme esforço podemos concordar que a marcação de pênaltis é interpretativa. O que o Sr. Rabello esqueceu de mencionar na entrevista, é que Loco Abreu estava impedido no lance do primeiro pênalti (ver imagem abaixo). Isso não é interpretativo. Se o sujeito que preside a comissão de arbitragens não percebeu esta irregularidade, estamos mesmo mal. Se notou mas omitiu por conveniência, estamos pior ainda.

Sobre o segundo pênalti, dizer que aquele lance está sujeito a interpretação é chamar seu interlocutor de idiota. Algo que certos jornalistas fizeram ontem sem qualquer pudor. Aqueles de sempre. Os que usam o microfone para advogar por seu clube de coração, ou aqueles que trabalham para a emissora que patrocina o campeonato, portanto são instruídos a sempre fingir que está tudo normal.

Vale salientar que o próprio Loco Abreu declarou no programa Redação Sportv desta segunda feira que na interpretação dele o segundo pênalti foi mal marcado. Na dele e na de 99% das pessoas honestas e que entendem alguma coisa de futebol. Abrimos um parenteses aqui para enaltecer a sinceridade do jogador, algo pouco comum no meio.

“A comissão acha que o árbitro pecou na questão disciplinar. Não é postura de um árbitro Fifa, não ter expulsado imediatamente o Valencia…..A partir daí ele começou a se equivocar, inclusive na

expulsão do Marcelo Mattos, que era, no máximo, para cartão amarelo.”

Em resumo: na opinião do sr. Jorge Rabello a arbitragem foi quase perfeita. Seus únicos erros foram não expulsar imediatamente o Valencia, e expulsar o Marcelo Mattos. Ou seja, o grande prejudicado foi o Botafogo.

Depois dessa, só resta ao torcedor que gastou seu suado dinheiro para assistir o jogo de domingo colocar uma bola vermelha no nariz e assumir o papel de PALHAÇO.

Interessante constatar também que para o presidente da comissão de arbitragens não configura um erro técnico o fato de um jogo que foi paralisado por vários minutos para a cobrança de dois pênaltis, teve diversas substituições e retardo na reposição de bola por parte do Botafogo, ter sido encerrado aos 46:30 minutos.  Isso após o próprio árbitro ter sinalizado 3 minutos de acréscimo, o que já seria pouco.

Para encerrar o post, publicamos novamente o contador de pênaltis do campeonato carioca. Algo que já fizemos em anos anteriores, e que agora atualizamos. O número de pênaltis marcados a favor de cada um dos quatro times grandes acumulado desde o campeonato de 2008 até hoje é o seguinte:

Botafogo – 31
Vasco – 27
Flamengo – 20
Fluminense – 13

No atual campeonato o Botafogo já tem CINCO pênaltis a seu favor em seis jogos. O Fluminense tem apenas um a seu favor e QUATRO contra.

É um mero dado estatístico que pouco comprova, é verdade. Alguns crédulos podem afirmar que uma coisa não tem nada a ver com a outra. Cada um que tire suas conclusões.

Por fim, informamos que a imagem do início do post mostra o árbitro Gutemberg Fonseca (à direita) com seu chefe, o vereador botafoguense Fernando Morais (PR). O terceiro da foto é o Vereador Marcelo Piuí (PHS). Veja abaixo um exemplo que ilustra bem o grau de envolvimento do Sr. Fernando Morais com a atual gestão do Botafogo F.R.

Fonte:  Blog Flusócio - http://flusocio.com.br/blog/2011/02/08/jogo-sujo/

Ações do Vereador

10/03/2010

Na última quarta-feira (10/03), o presidente do Botafogo, Maurício Assumpção, se reuniu com vereadores botafoguenses do Rio na sede do clube. O objetivo do encontro foi conversar sobre a atual situação da estrela solitária e seus interesses. Através de uma apresentação de slides, os parlamentares conheceram melhor o principal projeto do clube: a transformação do Engenhão no Stadium Rio.

- Com esta reunião, vi que o Stadium não vai ser um estádio apenas para o Botafogo, vai ser para todos os cariocas, que vão ter orgulho e vão querer prestigiar o espaço – ressaltou o vereador Fernando Moraes, que foi o responsável por convidar os demais vereadores para o encontro.

A mudança de nome do estádio visa construir uma nova identidade para o lugar. Os empresários visitaram grandes campos esportivos internacionais, como a Alianz Arena (Alemanha) e o Camp Nou (Espanha), para recolher referências para o projeto do novo

Cúpula do Botafogo apresenta o projeto Stadium Rio a vereadores cariocas

Engenhão, que promete surpreender os cariocas. A ideia é criar um polo grande de entretenimento no estádio, com restaurantes panorâmicos, oito lanchonetes diferentes, espaço para shows e lojas.

Também participaram do encontro o vice-presidente do Botafogo, Antônio Carlos Mantuano, os vereadores Aloisio Freitas, Alexandre Cerruti, Carlos Bolsonaro, Stepan Nercessian e Tio Carlos e alguns diretores do clube.

Fonte: Site Vereador Fernando Moraes - http://www.fernandomoraes.com.br/acoes2.asp?strid=129&secao=70034205&pagina=1

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