Platini defende mais dois auxiliares para ajudar árbitro

Platini defende presença de auxiliares que ficariam atrás dos gols para monitorar o que acontece dentro das áreas

Terça-feira, 15 de maio de 2007 - O presidente da Uefa, o ex-jogador Michel Platini (foto), disse que deseja mais dois árbitros auxiliares em cada partida de futebol para reduzir o número de decisões controversas.

"Minha idéia é aumentar o número de árbitros (assistentes)", disse Platini à revista France Football em entrevista publicada nesta terça-feira.

"Três árbitros está obsoleto, três árbitros não podem ver todas as coisas", disse.

Além do árbitro e dos dois bandeirinhas, Platini quer mais dois auxiliares que ficariam próximos aos gols para monitorar o que acontece dentro das áreas.

"Eu proponho mais dois auxiliares, que poderiam ter mais de 45 anos e não teriam de correr porque ficariam próximos dos gols", disse o ex-meia da seleção francesa.

"Temos que mostrar ao mundo que somos contra a injustiça e queremos progredir para diminuir os erros", explicou.

Platini disse que é contra o uso de aparelhos eletrônicos e imagens de TV para ajudar os árbitros.

"Há um risco com os sistemas eletrônicos de desumanizar o futebol", disse ele. "Se os canais de televisão querem ser os donos da arbitragem, eles podem disputar a eleição", acrescentou.

O ex-jogador francês terá sua primeira prova de fogo como novo presidente da Uefa no próximo dia 28, quando a entidade votará suas primeiras propostas durante um congresso extraordinário em Zurique, na Suíça.

Entre os projetos, estão um aumento no número de comitês e membros do Executivo e a criação de um conselho estratégico do futebol profissional.

Segundo a Uefa, o encontro também servirá para preparar o 57º Congresso Ordinário da Fifa, que acontece nos dias 30 e 31 de maio também em Zurique, para estudar a introdução de mudanças em seus estatutos.

Após anunciar que não reduzirá o número de clubes dos campeonatos mais fortes na Copa dos Campeões, Platini saberá a opinião dos membros da Uefa sobre suas propostas, que entrarão em vigor no próximo dia 1 de junho se aprovadas.

Entre elas está uma nova configuração dos comitês da Uefa, que serão presididos por membros do Executivo, assim como a introdução das normas de Governo do Conselho Estratégico do Futebol Profissional.

Além disso, o ele propõe o aumento dos integrantes do Executivo, que passarão de 13 a 15 até 2009, o "esclarecimento sobre os poderes e deveres do presidente" e a substituição do cargo de diretor-executivo pelo de secretário-geral.

O pai da idéia

Platini não é um crítico da arbitragem mundial, com experiência no assunto - é dele a idéia de aplicar o cartão vermelho para o último defensor que fizesse falta e a da proibição de o goleiro pegar com as mãos bola atrasada -, ele defende a presença de dois auxiliares atrás dos gols como alternativa para ajudar os árbitros, em detrimento ao uso da tecnologia, como a TV. Platini conversou com O GLOBO, durante a reunião do Comitê Executivo da Fifa no Rio, em outubro, antes da polêmica classificação da França para a Copa de 2010, em que Henry ajeitou a bola com a mão antes do passe para o gol de Gallas.

Ele falou de arbitragem e de outros assuntos. Leia abaixo

O mundo mudou sua forma de jogar futebol em função do dinheiro?

MICHEL PLATINI: Não acho que exista relação entre dinheiro e futebol.

Como não?

PLATINI: Da essência, a única coisa que mudou nos últimos 15 anos foram os salários. De resto, um bom jogador será sempre um bom jogador. Pelé será sempre Pelé. O dinheiro não muda o jogador, mas a vida dele.

O negócio não se sobrepôs demais ao esporte?

PLATINI: A popularidade do futebol é o que atrai o dinheiro. Ela traz a TV e a TV traz o dinheiro. Joguei numa época em que o futebol era popular no Brasil, na Itália, na Argentina, na Espanha, mas não era na França. Buscávamos jogar melhor para levar público aos estádios. Se houve mudança no futebol, foi a que fez com que brasileiros, argentinos e africanos fossem jogar onde está o dinheiro.

O senhor fala em "fair play financeiro", em integridade e justiça. É possível ter controle sobre o dinheiro no futebol?

PLATINI: A filosofia é boa, mas fácil não é. No Brasil, é possível porque o dinheiro vem basicamente dos mesmos setores. Na Europa, há países em que as receitas estão centralizadas na TV, mas não são todos. Alguns permitem propagandas de bebida alcoólica, outros não, a fiscalização é diferente. Certo mesmo, só a idéia de não se gasta mais dinheiro do que se gera. Se você quer comprar um Porsche ou uma Ferrari, precisa ter dinheiro. No futebol, pode-se não ter dinheiro e ainda assim comprar os melhores jogadores. Não é correto.

Suas críticas aos gastos do Real Madrid na pré-temporada foram de encontro aos elogios de Joseph Blatter...

PLATINI: Nunca critiquei o comportamento do Real Madrid. Disse apenas que estava surpreso pelos valores gastos. Se você tem o dinheiro, não há problema. O problema é contratar sem tê-lo. Aí entra o fair play financeiro. Noventa e quatro milhões de euros é demais. Maradona foi negociado por quatro milhões há 20 anos.

Dá para conceber grandes torneios sem Manchester United, Real Madrid ou Milan?

PLATINI: Se o futebol está indo mal, precisamos criar leis para $clubes. Na Europa, alguns proprietários gastam muito, não querem gastar mais. A tarefa da Uefa é trabalhar pelos próximos três, quatro anos para restabelecer a normalidade. Não se trata de não querer o Manchester, esse ou aquele. A busca pela transparência deve ser objetivo de todos.

Como ex-presidente do Comitê Organizador da Copa de 1998, o que tem a dizer sobre a construção de estádios para a Copa de 2014 em locais como Manaus e Cuiabá, onde o futebol não tem expressão?

PLATINI: É sempre bom investimento. Se você não tem um time no momento, talvez em 10 $tenha. E, quando este time estiver pronto, vai se perguntar: por que não construímos um estádio quando estávamos trabalhando? A construção vai gerar emprego, renda, mexer com a economia do Brasil. De repente, daqui a 10 anos, o campeão brasileiro será do Amazonas, mas se tiver onde jogar.

Qual o legado herdado do Mundial da França?

PLATINI: Construímos o Stade de France, outros foram renovados. Pretendemos erguer novos, caso sejamos a sede da Eurocopa de 2016. A construção do Stade de France deixou a cidade melhor. O entorno ganhou avenidas e transporte.

O que trouxe para sua vida de dirigente as experiências como técnico e jogador?

PLATINI: Meu conhecimento de futebol. O cartão vermelho para o último defensor que fizesse falta e a proibição de o goleiro pegar com as mãos bola atrasada foram idéias minhas. Propus à International Board que puséssemos dois assistentes atrás dos gols para facilitar o trabalho dos juízes. Sei que, às vezes, o juiz não consegue ver determinado lance.

A arbitragem no mundo, em geral, é ruim?

PLATINI: Não acho que seja. É que, na TV, com várias câmeras e imagem em slow mo$, tudo é fácil. Temos de ajudar os juízes a tomar decisões corretas.

É contra o uso da tecnologia no futebol?

PLATINI: Sim. Não tenho certeza de que a tecnologia facilitaria a vida do juiz. Joguei futebol na Itália e muitas vezes a TV apontava um pênalti que não existia. Eu fazia isso (simula um toque no ombro), mas não deslocava o adversário.

O senhor é francês, filho de italianos, nacionalidades que não costumam baixar a cabeça quando cruzam com o Brasil. Qual a explicação?

PLATINI: No rúgbi, o melhor $do mundo são os "All Blacks" (Nova Zelândia), mas eles nunca venceram a França. É por aí... É difícil explicar por que sempre ganhamos do Brasil. Talvez pela grande motivação que este confronto nos dá. Assim como é difícil a França ganhar da Alemanha. São diferenças de sistemas de jogo, de talento.

Zidane é o meio termo entre a geração de Platini e a de Kaká e Messi?

PLATINI: Se voltarmos no tempo, veremos que há grandes jogadores em todas as gerações. Di Stéfano, Puskas, Pelé, Cruyff, Beckenbauer, Bob Charlton, Maradona, Baggio, Van Basten, Ronaldo, Ronaldinho, Zidane. Uma questão estúpida é querer saber quem foi melhor: Pelé ou Zico, Platini ou Zidane, Maradona ou Pelé. Ninguém pergunta quem canta melhor, se Beatles ou Rolling Stones, Gilberto Gil ou Édith Piaf. Isso só existe no futebol.

Sente-se frustrado por não ter vencido uma Copa?

PLATINI: Não, fiz o meu melhor. Perdemos duas vezes nas semifinais (1982 e 1986). Costumo dizer que foi por causa dos juízes (risos).

E o amistoso de 1977, entre Brasil e França no Rio?

PLATINI: Foi minha única vez no Maracanã, um 2 a 2. Rivelino estava jogando. Sempre admirei muito os brasileiros. Rivelino, Zico, Dirceu, Cerezo... Em 1977, tinha 21 anos, vir ao Brasil e jogar para quase 100 mil pessoas no Maracanã era como ir à lua. Foi lindo. (o público da partida foi de 83.317 espectadores)

Qual sua expectativa em relação à Copa de 2010?

PLATINI: Espero uma filosofia de jogo, de público, uma atmosfera diferente dentro e fora dos estádios. A expectativa será por uma festa bem típica do país. E que os africanos joguem como africanos. Torço pelo talento.

O futebol era mais bem jogado no passado?

PLATINI: A diferença básica é que, antigamente, jogava-se mais pelo meio. Não existe mais aquele camisa 10. Hoje, os grandes jogadores procuram os lados do campo. No meio há sempre muita marcação, disputa de bola.

O que Fifa e Uefa podem fazer para melhorá-lo?

PLATINI: Jogadores e técnicos é que têm de melhorar o futebol. Temos de organizá-lo e protegê-lo, não dizer para o Dunga como seu time deve jogar.

Fonte: Com informações da EFE e do Globo.com

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