Pedro Santilli, técnico do Comercial em
2009, via seu time ser rebaixado à terceira divisão do Paulista, deu
um encontrão em um jogador do Catanduvense e foi expulso. Entrou no
gramado e deu um soco no queixo do árbitro Flávio Rodrigues de Souza.
O total representa quase 180 árbitros e/ou
assistentes que sofreram algum tipo de agressão em estádios ou suas
imediações. Segundo a pesquisa, 2,5% já foram agredidos de três a
cinco vezes, e 0,98%, acima de dez vezes.
"Deixei ele chegar muito perto de mim,
e aconteceu. Foi a única vez na minha carreira. Agora, com mais
experiência, não deixo ninguém chegar tão próximo", contou Flávio
Rodrigues, o árbitro agredido em Ribeirão Preto. O técnico Santilli
acabou suspenso por seis meses.
Agressões e ameaças são mais comuns em
campeonatos de divisões inferiores, afirmam árbitros e ex-árbitros
ouvidos pela Folha.
"As condições nos estádios estão
melhores. Também houve uma evolução dos clubes e dos dirigentes. Até
bem pouco tempo (atrás), era difícil até para entrar no estádio",
disse Arthur Alves Júnior, presidente do sindicato. "É aquela antiga
máxima: se você nunca saiu de camburão do estádio, não é árbitro."
Segundo a Anaf (Associação Nacional dos
Árbitros de Futebol), casos de agressão ainda são comuns pelo país. As
ausências de televisionamento e imprensa aumentam a violência..
"Isso infelizmente ainda existe,
principalmente em jogos de clubes menores e que não têm mídia,
campeonatos de categorias de base, amadores", disse José Pessi,
vice-presidente da associação.
Na última quarta-feira, um árbitro foi
agredido em Manaus, em partida pelo Estadual do Amazonas.
Jogadores do Fast Club se irritaram com
Djalma Silva de Souza reclamando de pênalti não marcado em jogo contra
o Nacional. O goleiro Naílson o empurrou, Djalma foi ao chão e acabou
cercado pelos jogadores, que tiveram de ser contidos por policiais.
Não são apenas agressões que ameaçam os
árbitros. A maioria deles, 84,2%, declarou que já teve ao menos uma
lesão considerava grave em toda a sua carreira, segundo a pesquisa
feita com os árbitros de São Paulo.
Korte levantou esses dados para
utilizá-los na preparação dos árbitros do Estado.
"O trabalho envolve controle emocional,
concentração, controle de distrações e melhoria na comunicação verbal.
São várias as habilidades psicológicas", disse.