Ex-árbitro e instrutor de arbitragem do Goiás diz que juízes são assediados nos bastidores

Luiz Alberto Bitz que é instrutor de arbitragem do Goiás, disse que já foi assediado para facilitar jogos

29/02/2012 - Uma declaração na imprensa goiana do ex-arbitro e atual instrutor de arbitragem do Goiás, Luiz Alberto Bitz (foto), agitou os bastidores e deixou a direção do Safego-Sindicato dos Árbitros de Futebol do Estado de Goiás irritada com o ex-apitador

O instrutor disse que se esforça para instruir os atletas do Goiás em relação as regras da arbitragem e que não há critérios entre os profissionais do apito. O instrutor diz que a preocupação já foi passada a comissão de arbitragem do estado. Bitz também confirmou que nos bastidores do apito há assédio aos árbitros na busca de vantagens a determinados clubes.

“Eu, oficial da Polícia Militar, com a posição de vida que eu tenho, já fui assediado, imagina aquele que as vezes não tem todas estas qualificações, não tem estabilidade de vida, com certeza e a gente tem história disso”, destacou Bitz. O instrutor destaca que os árbitros que não possuem uma grande estabilidade financeira estão mais susceptíveis a assédios.

“Se tratando de pessoa, a partir do momento que você não tem um profissional do apito que tenha estabilidade de vida, que não seja cobrado dele, uma prestação de conta, de documentos que traga idoneidade a ele, como comprovante de renda, ele acaba muito susceptível de assedio”, ressaltou.

Apesar das revelações, Bitz completa, “nos preocupa, mas até que prove o contrário todas as pessoas são honestas”. Porém, Bitz não esclareceu porque não denunciou o assedio quando ocorreu e sendo militar o porque que não tomou nenhuma atitude fazendo somente agora que abandonou a carreira.

Nota do Safego

Para o Sindicato dos Árbitros de Futebol do Estado de Goiás, muito embora se constituindo um fenômeno inerente ao mundo moderno, produto das políticas neoliberais e psicopatias cotidianas geradas por forças de um sistema capitalista desumano e injusto, que visa tão somente o lucro e, por conseqüência, o acúmulo de bens materiais e na busca insana da realização pessoal e da felicidade imediata, não se pode negar a veiculação venenosa do assédio, do suborno ou outros tipos de atitudes que afrontam, desafiam ou destroem uma escala de valores que, em sua essência, acompanha o desenvolvimento do ser humano, do ser gente.

O sindicato ressalta que como cidadãos do mundo estamos inseridos na tessitura dessa sociedade, porém ainda somos daqueles que, porque praticam crêem, no bem, na honestidade, na dignidade das pessoas, não importa qual seja seu campo de atuação. Não importa seu nível social ou sua estabilidade financeira... Não se aprende a ser honesto por força de um decreto ou de uma lei, mas pela índole que traz consigo, pelo caráter moldado ao longo de uma vida desde o berço... Se apenas os trabalhadores pobres, que não alcançaram “grande estabilidade financeira” estivessem vulneráveis às atitudes de compra e venda de sua dignidade, certamente os noticiários não navegariam por entre outros níveis sociais à cata de nomes que não só “preocupam”, mas que ferem os princípios do bem comum.

Na nota, o Safego diz que tanto o ato de “assediar” quanto “ser assediado” não é algo assim tão simples e comum, que isso não se faz num estalar de dedos. Quem assedia está assinando seu atestado de quem não sabe lidar com a diversidade da vida: os ganhos e as perdas, as alegrias e as tristezas, vitórias ou derrotas, pois, são pessoas que querem ganhar sempre, querem permanecer no pódio para sempre. Por outro lado, a própria postura, as atitudes, o jeito de ser de uma pessoa, de um profissional, já se apresentam como barreiras para possíveis aproximações das propostas desonestas. No contexto de milhões de pessoas, com certeza, existem aquelas, e que não são poucas nem raras, que acreditam que não vale a pena o imaginário de se levar vantagem em tudo.

É mais fácil e mais rápido, que a sociedade fique de “pé atrás” diante de certas afirmativas maldosas, mesmo que infundadas, do que gastar um tempo para analisar, a partir do testemunho de vida real. Como disse Rui Barbosa:‘De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude...”

Aos companheiros, não se deixem envolver pela hostilidade, mas continuem firmes no intuito de arbitrar bem, com imparcialidade, controle emocional e aguçado poder de decisão, finalizou a nota.

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